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O tempo de edição dos livros é variado, sendo definido diretamente entre a Editora e os autores/tradutores após o processo de aprovação.

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Estudos em história da filosofia árabe e islâmica, vol. 3, pt. 1: fontes, influências e temas centrais

“Os filósofos muçulmanos consideravam a busca pelo conhecimento como um mandamento divino, e o conhecimento da alma, particularmente do intelecto, como um componente crítico desta busca. O domínio deste assunto proporcionava um quadro no qual a mecânica e a natureza das nossas sensações e pensamentos podiam ser explicadas e integradas e oferecia a base epistemológica para todos os outros domínios de investigação. Em oposição aos pontos de vista ocasionalistas dos mutakallimûn, os teólogos muçulmanos, os filósofos desejavam ancorar o seu conhecimento do mundo numa realidade física estável e previsível. Isto implicava naturalizar a própria alma (nafs em árabe), traçando a relação entre os seus sentidos externos e internos e entre as suas faculdades imaginativas e racionais. No entanto, a finalidade última desta disciplina, a conjugação do intelecto com a verdade universal, tinha um aspecto decididamente metafísico e espiritual. As posições psicológicas delineadas por Aristóteles foram o paradigma dominante para os filósofos muçulmanos, modificadas por variações helenísticas que expressavam perspectivas platônicas. Os séculos IX a XII foram o período do rigoroso filosofar que caracteriza a filosofia islâmica clássica […]”. (Alfred Ivry)

Tadeu Verza e Meline Sousa

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Influências estoicas na filosofia de Margaret Cavendish

“A honorável e respeitada escola estoica foi provavelmente a tradição de maior influência no Mediterrâneo do período helenístico grego e imperial romano e dificilmente encontraremos estudiosos dispostos a caracterizá-los simplesmente como loucos (a não ser, talvez, os céticos, claro). Por que então, quando Cavendish propõe uma matéria animada que a tudo pervade, que é dotada de movimento próprio, que é origem última de tudo o que se move e da racionalidade que ordena o cosmos, sua doutrina é desmerecida inclusive de valor histórico e remetida às fantasias incontroláveis de uma mulher insensata? Essa foi uma doutrina defendida, com suas devidas proporções, pelos filósofos mais respeitados do século III, II e I AEC, e dos séculos I e II da era comum, além de ter influenciado pensadores dos séculos subsequentes tendo até uma influência considerável em intelectuais da modernidade”.

Matheus Tonani Marques Pereira

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Uma heterotopia da história: espaço e tempo em As palavras e as coisas de Michel Foucault

Prefácio de Ivan Domingues

“O que as heterotopias fazem, tanto no campo epistemológico quanto no político, é tornar a ordem visível e legível, ao mapear os espaços existentes (seja o espaço discursivo, do conhecimento, sejam espaços físicos concretos, arquiteturais), funcionando como locais de reordenamento. Ao dar a ver os espaços naturalizados da ordem vigente, elas permitem que tal ordem, até então implícita, apareça, mas também que apareçam seus interstícios, suas fissuras, portanto seus limites, anunciando a possibilidade de que outras formas possam se instalar. Mas, antes mesmo desta “promessa” que se dá no tempo, demonstram que tal ordem hegemônica não é absoluta e onipresente, ou seja, já não ocupa, no momento atual, todo o espaço de forma homogênea – se o fizesse, não seria possível para nós percebê-la. O espaço, heterogêneo e complexo, é composto por uma rede de relações entre elementos que atuam sincronicamente, sendo que, ao identificá-las, já estamos a atuar sobre ele.

A esquerda marxista e existencialista acusou Foucault de tornar impossível a ideia de “revolução”, a qual se baseia em uma concepção dialética, segundo a qual as contradições geram, como fruto da passagem do tempo, as transformações. Se pensarmos que o espaço da ordem vigente já possui, no momento atual, fissuras e interstícios que evidenciam a ordem em funcionamento, mostrando que ela não é natural, e sim construída, a abertura para a transformação pode ser pensada não apenas, ou não necessariamente, em uma lógica temporal, diacrônica, mas espacial, sincrônica. A revolução, enquanto algo porvir, é substituída por formas alternativa de ordenamento, de existência ou resistência já presentes.

A partir de Jorge Luiz Borges e da noção de heterotopia, Foucault evidencia esta ligação entre o espaço e a ordem, bem como entre ambos e o pensamento ou a produção de conhecimento, já que é preciso dispor as coisas em locais específicos para que façam sentido para nós. Se os objetos do conhecimento são indistinguíveis, tornam-se também incognoscíveis. Quando nos deparamos com o incongruente, o inconcebível, precisamos recorrer a este espaço que sustenta a ordenação e fica evidente que nossa capacidade conhecer depende dele, bem como que ele possui estas “casas brancas” através das quais conseguimos olhá-lo – afinal, se estivéssemos totalmente imersos na hegemonia desta ordem, ela nos seria invisível. Talvez, permaneçamos bastante tempo nesta imersão que conduz à invisibilidade das formas dominantes de ordem, política e epistemológica. No entanto, quando nos voltamos para este espaço e o observamos de fora, como um etnólogo de nossa própria cultura, percebemos que ele, como todo espaço, possui uma história. Se o espaço epistemológico é aquele sobre o qual se constitui o que aparece para nós como a “verdade”, então esta também possui uma história, e é sobre essa “mesa operacional” que essa história se encontra, esperando para ser recuperada.”

Débora Bráulio Santos

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Mundo, espaço e lugar: uma crítica à teoria dos dois mundos atribuída a Platão

Prefácio de Jacyntho Lins Brandão

“A distinção é escolar: poucas ideias na história da filosofia são tão difundidas e assumidas quanto aquela que afirma que os diálogos de Platão, essencialmente, apresentam uma teoria ou doutrina dos dois mundos, uma separação irrevogável entre o “mundo das Ideias”, e o “mundo sensível”, este nosso mundo aqui, imitação imperfeita do primeiro, e que, por isso mesmo, passa como uma cópia inferior, sombra da verdade.

De saída, se não fosse essa definição para a filosofia platônica tão comum e rigidamente estabelecida, não entenderíamos nada da expressão “teoria dos dois mundos” de Platão: para não falar de “teoria”, um conceito que pode gerar as maiores dificuldades, ficaríamos totalmente perplexos se parássemos para pensar no que significa afirmar que a filosofia de Platão pode ser resumida numa separação de “dois mundos”. Um mundo apenas já não seria razão suficiente para uma longa reflexão filosófica? A palavra “mundo” é muito comum na linguagem corrente, revestindo-se de uma polissemia impressionante, sendo também uma questão crucial na história da filosofia, o que por si só já seria uma primeira justificativa para o projeto deste livro, o de mostrar o papel que Platão assume nesse processo de formação de um conceito ou definição de mundo.

Não obstante, a hipótese precisa defendida neste texto é a de que o rótulo “teoria dos dois mundos”, quando aplicado para definir a essência do pensamento de Platão, além de prescindir de uma consideração mais satisfatória do que significa “mundo” propriamente, também prescinde de uma análise mais detida da filosofia dos diálogos, e, a bem da verdade, os adeptos de uma tal interpretação não têm clareza com relação a seus pressupostos e os sentidos na base de suas afirmações. Em linhas gerais, sabemos das implicações que uma inadvertida concepção da teoria dos dois mundos impõe à filosofia platônica: seria como se o filósofo fosse alguém que desejasse habitar um outro mundo, munido de uma teoria do conhecimento absurda e inatual, cujas contrapartes práticas seriam o autoritarismo político, o intelectualismo moral e uma escatologia amedrontadora”.

George Matias de Almeida Júnior

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Capacidades cognitivas e unidade da percepção: sobre John McDowell e a natureza filosófica da experiência perceptual

“Como se deve elaborar o pensamento de que nossas capacidades cognitivas são atualizadas na própria experiência perceptual, e não apenas nos juízos em que um sujeito responde à sua experiência perceptual?

De certa forma alinhado com a chamada “Escola de Filosofia de Pittsburgh”, proponho tratar dessa questão seguindo os passos dados por pessoas como John McDowell, que buscam explorar a relação entre pensamento, linguagem e experiência não apenas a partir de ideias encontradas no trabalho de filósofos analíticos contemporâneos como Frege, Sellars e Travis, mas também por meio das lentes de pensadores tradicionalmente estranhos à tradição analítica ‒ certamente Hegel, mas também, e de forma bastante significativa, Kant.”

Daniel Debarry

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Acerca da liberdade pós-moral em Nietzsche

Ana Teresa Campos Souza

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